quarta-feira, 27 de maio de 2009

atualidade?

"A greve ou outro incidente da luta revolucionária não encobre finalidades secretas e excusas, não constitui manobra astuciosa que visaria a outros objetivos que não os expressos e que lhe servem de bandeira de programa. Os comunistas que assim pensam e agem não são verdadeiros marxistas, mas antes fatores adversos à revolução e à vitória do socialismo."

PRADO JÚNIOR, Caio. A Revolução Brasileira. São Paulo, Editora Brasiliense, 2a. edição, 1966 P. 13, 14.

quarta-feira, 20 de maio de 2009

O rolo do Rolex - ZECA BALEIRO (Vale a pena ler navamente!!)

NO INÍCIO do mês, o apresentador Luciano Huck escreveu um texto sobre o roubo de seu Rolex. O artigo gerou uma avalanche de cartas ao jornal, entre as quais uma escrita por mim. Não me considero um polemista, pelo menos não no sentido espetaculoso da palavra. Temo, por ser público, parecer alguém em busca de autopromoção, algo que abomino. Por outro lado, não arredo pé de uma boa discussão, o que sempre me parece salutar. Por isso resolvi aceitar o convite a expor minha opinião, já distorcida desde então. Reconheço que minha carta, curta, grossa e escrita num instante emocionado, num impulso, não é um primor de clareza e sabia que corria o risco de interpretações toscas. Mas há momentos em que me parece necessário botar a boca no trombone, nem que seja para não poluir o fígado com rancores inúteis. Como uma provocação. Foi o que fiz. Foi o que fez Huck, revoltado ao ver lesado seu patrimônio, sentimento, aliás, legítimo. Eu também reclamaria caso roubassem algo comprado com o suor do rosto. Reclamaria na mesa de bar, em família, na roda de amigos. Nunca num jornal. Esse argumento, apesar de prosaico, é pra mim o xis da questão. Por que um cidadão vem a público mostrar sua revolta com a situação do país, alardeando senso de justiça social, só quando é roubado? Lançando mão de privilégio dado a personalidades, utiliza um espaço de debates políticos e adultos para reclamações pessoais (sim, não fez mais que isso), escorado em argumentos quase infantis, como "sou cidadão, pago meus impostos". Dias depois, Ferréz, um porta-voz da periferia, escreveu texto no mesmo espaço, "romanceando" o ocorrido. Foi acusado de glamourizar o roubo e de fazer apologia do crime. Antes que me acusem de ressentido ou revanchista, friso que lamento a violência sofrida por Huck. Não tenho nada pessoalmente contra ele, de quem não sei muito. Considero-o um bom profissional, alguém dotado de certa sensibilidade para lidar com o grande público, o que por si só me parece admirável. À distância, sei de sua rápida ascensão na TV. É, portanto, o que os mitificadores gostam de chamar de "vencedor". Alguém que conquista seu espaço à custa de trabalho me parece digno de admiração. E-mails de leitores que chegaram até mim (os mais brandos me chamavam de "marxista babaca" e "comunista de museu") revelam uma confusão terrível de conceitos (e preconceitos) e idéias mal formuladas (há raras exceções) e me fizeram reafirmar minha triste tese de botequim de que o pensamento do nosso tempo está embotado, e as pessoas, desarticuladas. Vi dois pobres estereótipos serem fortemente reiterados. Os que espinafraram Huck eram "comunistas", "petistas", "fascistas". Os que o apoiavam eram "burgueses", "elite", palavra que desafortunadamente usei em minha carta. Elite é palavra perigosa e, de tão levianamente usada, esquecemos seu real sentido. Recorro ao "Houaiss": "Elite - 1. o que há de mais valorizado e de melhor qualidade, especialmente em um grupo social [este sentido não se aplica à grande maioria dos ricos brasileiros]; 2. minoria que detém o prestígio e o domínio sobre o grupo social [este, sim]". A surpreendente repercussão do fato revela que a disparidade social é um calo no pé de nossa sociedade, para o qual não parece haver remédio -desfilaram intolerância e ódio à flor da pele, a destacar o espantoso texto de Reinaldo Azevedo, colunista da revista "Veja", notório reduto da ultradireita caricata, mas nem por isso menos perigosa. Amparado em uma hipócrita "consciência democrática", propõe vetar o direito à expressão (represália a Ferréz), uma das maiores conquistas do nosso ralo processo democrático. Não cabendo em si, dispara esta pérola: "Sem ela [a propriedade privada], estaríamos de tacape na mão, puxando as moças pelos cabelos". Confesso que me peguei a imaginar esse sr. de tacape em mãos, lutando por seu lugar à sombra sem o escudo de uma revista fascistóide. Os idiotas devem ter direito à expressão, sim, sr. Reinaldo. Seu texto é prova disso. Igual direito de expressão foi dado a Huck e Ferréz. Do imbróglio, sobram-me duas parcas conclusões. A exclusão social não justifica a delinqüência ou o pendor ao crime, mas ninguém poderá negar que alguém sem direito à escola, que cresce num cenário de miséria e abandono, está mais vulnerável aos apelos da vida bandida. Por seu turno, pessoas públicas não são blindadas (seus carros podem ser) e estão sujeitas a roubos, violências ou à desaprovação de leitores, especialmente se cometem textos fúteis sobre questões tão críticas como essa ora em debate. Por fim, devo dizer que sempre pensei a existência como algo muito mais complexo do que um mero embate entre ricos e pobres, esquerda e direita, conservadores e progressistas, excluídos e privilegiados. O tosco debate em torno do desabafo nervoso de Huck pôs novas pulgas na minha orelha. Ao que parece, desde as priscas eras, o problema do mundo é mesmo um só -uma luta de classes cruel e sem fim.

JOSÉ DE RIBAMAR COELHO SANTOS, 41, o Zeca Baleiro, é cantor e compositor maranhense. Tem sete discos lançados, entre eles, "Pet Shop Mundo Cão".


Fonte:http://jornalirismo.terra.com.br/index.php?option=com_content&task=view&id=230

terça-feira, 19 de maio de 2009

Fim da paciência para o "movimento estudantil"

Estava hoje eu, mais uma vez, em meio a uma assembléia geral dos estudantes na Unicamp, que de início seria em função de esclarecer o que foi discutido num encontro que aconteceu na USP sobre a questão da Univesp (mais um daqueles empreendimentos ímpares, que só os tucanos têm a capacidade de promover). Entretanto, logo formou-se a "patacoada".
Não sei se faz parte da cartilha PSTUista de persuasão, mas como antes eu já presenciei na UEM, aqui não foi diferente.
A pauta vai se diversificando, tendo vários intentos adicionados, todos muito vagos, que somente prolongam as discussões e promovem o FIM DA PACIÊNCIA.
Foram discutidos a questão do movimento estudantil, a questão da contratação de novos professores, do fim dos serviços terceirizados, do apoio aos funcionários da USP, da crise mundial, da gripe suína, do aumento do preço da pizza, entre outro...
Nada contra nenhum deles, muito pelo contrário! Todos são tópicos extremamente importantes, que devem permear as discussões visando mudanças no que está, e muito, errado!
Mas acredito que essa enxurrada de devaneios somente atrapalham o desenvolvimento do foco central inicial da assembléia. Isso já atrapalhou em outras ocasiões, como a última greve promovida em 2007.
Como se isso não bastasse, ainda aqueles mesmos doutrinadores que eu encontrava em Maringá, tentam aplicar as suas teorias de base estudantil-operária-marxista-trotskista-de cartilha do PSTU, sempre com o mesmo discurso e os mesmos absurdos.
Quem me vê falando, vai achar que sou de direita, mas pelo contrário, eu "tô" é cansado dessa "esquerda" burra, de cartilha, que promove pregações ao invés de discussões.
Pra irritar mais um pouco, ainda tem os "figurinhas" que pedem a palavra, e soltam aquelas frases clássicas:

"...ela já disse tudo, mas só pra complementar..."
"...eu concordo, mas acho que a gente deve fazer diferente..."
"...o que eu vou dizer é uma obviedade, mas..."

CHEGA!!!!

A paciência não é um saco sem fundo!!!

sábado, 9 de maio de 2009

O Vermelho

então se deu a cor
vermelho
de sangue, de terra, de bandeira
do pincel mais barato
da faca mais pontiaguda
do urro, do berro mais exaltado

o vermelho foi entrando
nas vidas, nas lógicas.
cansaram-se dele
e não foram os pincéis
mas foram as telas

não queria mais o pincel,
nem por um instante,
saber do vermelho
nem de longe
nem de perto

o vermelho mudou.
nem melhor nem pior,
apenas mudou.
não são mais os mesmo tons
nem as mesmas telas
que mandam no vermelho

aquele pincel
velho pincel
também mudou.
Mudou de gente
mudou de mão
mudou de mãe.

O que será do vermelho?
O que será do pincel?
será um começo?
ou a decoração?
ou de coração...

Afinal, o que vale mais:
o vermelho, o pincel?
ressurgem os dois
ainda tarde
antes que nunca!